Pelo MAR - Referendar o tratado

Tratado de Lisboa - O texto da discórdia

Título I - As Categorias e os Domínios de Competências da União

ARTIGO 3º

1. A União dispõe de competência exclusiva nos seguintes domínios:

d) Conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum das pescas



quarta-feira, 30 de abril de 2008

Petição entregue na Assembleia Regional


Depois de oito dias de intensa recolha de assinaturas, o grupo de cidadãos eleitores residentes na Região Autónoma dos Açores e entregaram a Petição para que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), no uso da competência que lhe está atribuída no nº 2 do Artigo 232 da Constituição da República e na alínea g) do Artigo 30 do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, apresente ao senhor Presidente da República proposta de referendo regional, através do qual os cidadãos eleitores recenseados na Região sejam consultados sobre se: Concordam que a conservação dos recursos biológicos do mar territorial e da Zona Económica Exclusiva que integra a Região Autónoma dos Açores seja da competência exclusiva da União Europeia?
As assinaturas das ilhas do Faial, São Jorge e Pico foram entregues às 12:00 na ALRAA na Horta pelo Doutor Mário Rui Pinho (DOP), José Élio Neves (presidente da APASA) e Pedro Capela (em representação da APEDA). À mesma hora foram entregues na delegação da ALRAA em Ponta Delgada as assinaturas recolhidas em São Miguel, Flores, Corvo, Terceira, Santa Maria e Graciosa pelo Dr. Paulo Morais (Associação de Comerciantes de Pescado dos Açores), Liberato Fernandes (Presidente da Federação das Pescas dos Açores – FPA) e Dr. Ricardo Lacerda (FPA). A petição, da iniciativa da FPA, foi fundamentada pela importância vital que a gestão dos recursos do mar tem para uma região insular e arquipelágica como os Açores, referindo-se que essa importância se encontra devidamente consagrada no Estatuto da Região ao definir, no seu artigo 1º, o mar circundante e os fundos marinhos como elementos constituintes da Região (nº 2 Art.º 1º).
Igualmente a Constituição da República define como poderes das regiões autónomas participar “na definição das políticas respeitantes às águas territoriais, à ZEE e aos fundos marinhos contíguos”. O Estatuto estabelece matérias de direito internacional que dizem respeito específico à Região, entre outras, a “Lei do Mar; utilização da zona económica exclusiva; conservação e exploração de espécies vivas” (alíneas do Artigo 83).
Os subscritores referem que a ALRAA pronunciou-se contra o Regulamento CE 1954 – 2003 de 4 de Novembro, que liberalizou o acesso dos navios da frota comunitária ao interior da ZEE entre as 100 e as 200 milhas, sendo que o Governo Regional dos Açores mantém, justamente, um contencioso com o Conselho de Ministros da União através de processo judicial ainda não julgado.
Considera-se igualmente que a gestão dos recursos biológicos do mar feita pela União Europeia de forma centralizada, para além de abrir espaço para a transferência de esforço de pesca de países com frota excedentária e com recursos piscícolas em situação de rotura, irá aprofundar uma gestão errada e incompetente devidamente caracterizadas nos relatórios apresentados à Comissão das Pescas pelos cientistas Michael Sissenwine e David Symes (Julho de 2007) e o Tribunal de Contas Europeu (Dezembro de 2007).
A consagração da gestão dos recursos biológicos do mar como competência exclusiva da União será, a curto prazo, fonte de conflitos entre comunidades ribeirinhas, opondo a pequena pesca à pesca industrial de elevada autonomia, acentuará a delapidação dos recursos marinhos e constituirá elemento desagregador da União.
Assim sendo, considera-se totalmente justificado o debate público sobre esta matéria, o que foi também demonstrado de sobremaneira pela adesão da população açoriana à Petição, efectivando-se com a realização de referendo regional.
in Voz dos Marítimos, 26 de Abril 2008
www.pescas.net

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Tratado de Lisboa passa com críticas


A Assembleia da República aprovou ontem o Tratado de Lisboa sob fortes críticas do PCP e do BE, que não gostaram que primeiro-ministro, José Sócrates, tivesse associado a ratificação do documento às comemorações do 25 de Abril.
"O Parlamento aprova o Tratado de Lisboa na antevéspera do 25 de Abril. Julgo que esta é uma forma particularmente feliz de comemorar a revolução democrática", declarou José Sócrates. Para PCP e BE não há motivos para comemorar a ratificação do novo tratado, pelo contrário.
Jerónimo de Sousa lembrou que uma das consequências do novo tratado é a perda da soberania nacional: "A Europa dos grandes interesses ganhou. Portugal perdeu. Como pode Portugal abdicar do seu mar?" Em resposta, Sócrates garantiu que não há qualquer perda de soberania e que "quando a Europa ganha, Portugal também ganha". "Já não é o orgulhosamente sós", rematou.
TambémFrancisco Louçã teceu fortes críticas ao novo tratado, considerando a sua aprovação um "episódio triste".
Apesar de ter votado ao lado do PS e do PSD, o líder do CDS, Paulo Portas, considerou "um erro" não ter sido convocado um referendo.
À saída do debate, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, justificou a ratificação do Tratado de Lisboa pela via parlamentar com a crise mundial, que obrigou os líderes europeus "a encontrar uma saída rápida para o impasse político na UE".
CGTP EXIGE UM REFERENDO
A CGTP, liderada por Carvalho da Silva, promoveu ontem uma sessão pública em frente à Assembleia da República para exigir um referendo ao Tratado de Lisboa. "Este tratado vem enquadrar do ponto de vista institucional caminhos que merecem muitas reservas aos trabalhadores e aos povos europeus. É um escândalo do ponto de vista formal que tudo isto esteja a ser decidido pelas cúpulas do poder e que não haja um envolvimento das populações neste discussão", alertou a CGTP. Uma das questões mais criticadas é o facto de os recursos biológicos da Zona Económica Exclusiva passarem a ser geridos pela União Europeia.
NOTAS
Marques Guedes
O ex-líder parlamentar do PSD Marques Guedes considerou "errada" a ratificação parlamentar do Tratado de Lisboa e justificou o seu voto favorável com a imposição da disciplina de voto na bancada.
Santana Lopes
Santana Lopes fez questão de destacar o papel do líder demissionário do PSD, Luís Filipe Menezes, que sempre defendeu a ratificação do Tratado de Lisboa pela via parlamentar.
Durão Barroso
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, felicitou Portugal pela ratificação do novo tratado e elogiou o empenho do Governo de José Sócrates no processo.
Ana Patrícia Dias

terça-feira, 22 de abril de 2008

PETIÇÃO COM MAIS DE 2600 ASSINATURAS SOBRE GESTÃO DO MAR ENTREGUE À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES


Às 12 horas do dia de hoje foram entregues, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, um total de 2661 assinaturas recolhidas em todas as ilhas da Região Autónoma dos Açores. A entrega foi feita de forma concertada por duas delegações na ilha do Faial e na ilha de São Miguel.

As assinaturas foram recolhidas em apenas oito dias em todas as ilhas dos Açores, o que demonstra a preocupação dos Açorianos face à problemática da gestão do mar no âmbito do Tratado de Lisboa.

As assinaturas recolhidas nas ilhas das Flores, Graciosa e Terceira foram remetidas por fax para a sede da Federação das Pescas dos Açores, pelo que os originais serão enviados por correio directamente para Sua Excelência o Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Igualmente serão enviadas as assinaturas da Ilha do Corvo, enviadas pelo correio para a sede da Federação.

A Comissão de Mandatários refere o apoio expresso à Petição dos Senhores Presidentes das Câmaras de Santa Cruz das Flores e da Lagoa, ilha de São Miguel, assim como dos Presidentes das Juntas de Freguesia de Santa Clara, São Roque, São Pedro e Água de Pau da ilha de São Miguel.

Igualmente se sublinha a adesão de investigadores do DOP, professores da Universidade dos Açores, dirigentes da Federação Agrícola dos Açores, de associações agrícolas, pessoas ligadas à política, artes e turismo.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

PCP: Jerónimo critica "silêncio de chumbo" do PS e critica perda de soberania


"É um facto que nesta questão tem havido um silêncio de chumbo da parte do PS, que fala tanto no valor da autonomia", afirmou Jerónimo de Sousa, na abertura das jornadas parlamentares do PCP, em Ponta Delgada.
O líder comunista anotou que, no congresso PS/Açores, encerrado hoje ao fim da manhã pelo líder socialista e primeiro-ministro, José Sócrates, "não se disse uma palavra" sobre o assunto que "também afecta autonomia regional".
Perante os deputados e o líder regional do PCP, Aníbal Pires, Jerónimo de Sousa insistiu que o tratado reformador da União Europeia (UE) implica uma "perda de soberania nacional quanto à gestão de recursos marinhos".
O tratado, que tem ratificação agendada para quarta-feira no Parlamento, propõe que seja a UE a ficar com a "competência exclusiva quanto à `conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum das pescas`", recordou.
O líder comunista admitiu que esta norma viole a Constituição por definir que é a lei portuguesa a definir a "extensão e o limite das águas territoriais, zona económica exclusiva e direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos".
Por outro lado, argumentou, a Constituição estipula ainda que o Estado "não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre ele exerce".

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Falta visão estratégica aos nossos representantes políticos


Falta visão estratégica aos nosssos representantes políticos que olham para o mar não como potencial estratégico, mas sim como moeda de troca para eventuais fundos comunitários a investir no "desenvolvimento" do país. Mas nem sempre foi assim. Um bom exemplo foi a plantação do Pinhal de Leiria que, entre outros, possibilitou a construção naval e consequentemente os Descobrimentos:

"O antigo Pinhal de Leiria está situado a norte de Leiria, na Mata Nacional do Urso, constituindo uma das maiores manchas naturais da região centro. Em Portugal, o pinhal de Leiria foi marcou o início da plantação intensiva de monocultura do pinheiro bravo.
Foi D. Afonso III no século XIII que deu início à plantação dos pinheiros. No entanto é com D. Dinis que (entre 1279 e 1325) a cultura foi intensificada. Fizeram-se enormes sementeiras para que as dunas da costa não se degradassem. Serviu este pinhal também para a expostação e construção naval que servia interesse comerciais e marítimos do reino.
Sempre que era feito o corte de árvores, havia uma replantação imediatamente a seguir. Esta acção manteve o pinhal praticamente intacto. Durante os séculos XV e XVI. Na altura dos Descobrimentos Marítimos, o pinhal desempenhou um importante papel. A madeira deste pinhal era usada nas embarcações. O pez (alcatrão vegetal extraído dos pinheiros) ajudou na protecção das caravelas.Em Monte Redondo, no Museu Etnológico, pode-se visitar um dos muitos fornos de pez que existiram no pinhal.
A expansão industrial (nos séculos XVIII e XIX) e o aumento demográfico trouxeram a necessidade de produzir carvão de madeira quer para alimentar os fornos das indústrias metalúrgicas e de vidro, quer para o aquecimento das populações. Em meados do séc. XIX começou a produção de produtos resinosos, nomeadamente com a extração da goma dos pinheiros."
in http://www.regiaocentro.net/lugares/leiria/pinhalelagoa.html
imagem http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/arvores_pinhal_leiria.htm

Concentração Frente à Assembleia da República


Realizando-se na próxima Quarta-feira, dia 23 de Abril, a partir das 15H00, a ratificação, por via parlamentar, do Tratado de Lisboa que consagra como competência exclusiva da União a gestão dos recursos biológicos do mar, a Comissão de Peticionários a favor da realização de referendo sobre a Gestão do Mar convida todos os cidadãos a aderir à concentração convocada.
Mais informam que as associações promotoras da Petição ligadas às actividades da pesca terão como ponto de encontro o jardim, ao lado norte da escadaria. Seria conveniente a elaboração de cartazes sobre “O Mar e o Tratado” e sobre os problemas que mais afectam as pescas e os pescadores (Questão dos Combustíveis, Fiscalidade, Apoios do Desenvolvimento da Pesca, Marinha do Comércio e Construção Naval, assim como a questão de Doca Pesca).

Participa e traz outro amigo também!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Tratado de Lisboa põe em causa a soberania


A Comissão dos Assuntos Europeus da Assembleia da República organiza um conjunto de debates, sob a forma de conferências descentralizadas, para esclarecimento do conteúdo do Tratado de Lisboa e das suas implicações na participação de Portugal na construção da União Europeia.
Estas conferências realizam-se na sequência da assinatura do Tratado de Lisboa, no passado dia 13 de Dezembro de 2007 e no âmbito do respectivo processo de aprovação parlamentar, estão incluídas um ciclo de três conferências, com o objectivo de promover um debate descentralizado, aberto e plural sobre o conteúdo do documento. O objectivo é envolver o maior número de intervenientes possível, numa estratégia de proximidade com os cidadãos.
A terceira conferência deste Ciclo realizou-se na Sala do Senado da Assembleia da República, no passado dia 9 de Abril. A sessão de abertura ficou marcada pela intervenção do Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.
No primeiro painel intervieram Edite Estrela, Adriano Moreira, Pedro Guerreiro, Jorge Miranda, Simeon Saxe- Coburg- Gotha, Henrique Monteiro, Francisco Sarsfield Cabral.
No segundo painel usaram da palavra Guliano Ameto, Nuno Rogeiro, Miguel Portas, Carlos Gaspar, Maria Luisa Duarte, Pedro Camacho.
O encerramento da Conferência esteve a cargo do Presidente da Conferência por Vitalino Canas, Presidente da Comissão dos Assuntos Europeus.
Embora convidada, a Federação das Pescas dos Açores por questão de agenda não pode participar nesta Conferência que se realizou na Assembleia da República.
Joaquim Piló, representando a Comissão Nacional da Petição, presidente do Sindicato Livre dos Pescadores de Lisboa, assistiu à conferência defendendo o Referendo ao Tratado de Lisboa e mais um ano de discussão pública.
Outros intervenientes como Miguel Portas e Pedro Ribeiro defenderam também a auscultação do popular. Henrique Monteiro, Director do Expresso, assumindo uma posição de não realização de referendos, considerou que neste caso devia ser concretizado devido à promessa eleitoral.
Sobre a transferência de competências da defesa da Zona Económica Exclusiva para a União Europeia, pronunciaram-se Joaquim Piló, Adriano Moreira e Henrique Monteiro
Adriano Moreira foi o mais incisivo na defesa da Zona Económica Exclusiva relativamente à transferência de competências para a União Europeia na gestão dos recursos marinhos. Defendeu que a verificar-se esta centralização de competências fica em causa a soberania portuguesa sobre a nossa ZEE.A Comissão dos Assuntos Europeus da Assembleia da República organiza um conjunto de debates, sob a forma de conferências descentralizadas, para esclarecimento do conteúdo do Tratado de Lisboa e das suas implicações na participação de Portugal na construção da União Europeia.
Estas conferências realizam-se na sequência da assinatura do Tratado de Lisboa, no passado dia 13 de Dezembro de 2007 e no âmbito do respectivo processo de aprovação parlamentar, estão incluídas um ciclo de três conferências, com o objectivo de promover um debate descentralizado, aberto e plural sobre o conteúdo do documento. O objectivo é envolver o maior número de intervenientes possível, numa estratégia de proximidade com os cidadãos.
A terceira conferência deste Ciclo realizou-se na Sala do Senado da Assembleia da República, no passado dia 9 de Abril. A sessão de abertura ficou marcada pela intervenção do Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.
No primeiro painel intervieram Edite Estrela, Adriano Moreira, Pedro Guerreiro, Jorge Miranda, Simeon Saxe- Coburg- Gotha, Henrique Monteiro, Francisco Sarsfield Cabral.
No segundo painel usaram da palavra Guliano Ameto, Nuno Rogeiro, Miguel Portas, Carlos Gaspar, Maria Luisa Duarte, Pedro Camacho.
O encerramento da Conferência esteve a cargo do Presidente da Conferência por Vitalino Canas, Presidente da Comissão dos Assuntos Europeus.
Embora convidada, a Federação das Pescas dos Açores por questão de agenda não pode participar nesta Conferência que se realizou na Assembleia da República.
Joaquim Piló, representando a Comissão Nacional da Petição, presidente do Sindicato Livre dos Pescadores de Lisboa, assistiu à conferência defendendo o Referendo ao Tratado de Lisboa e mais um ano de discussão pública.
Outros intervenientes como Miguel Portas e Pedro Ribeiro defenderam também a auscultação do popular. Henrique Monteiro, Director do Expresso, assumindo uma posição de não realização de referendos, considerou que neste caso devia ser concretizado devido à promessa eleitoral.
Sobre a transferência de competências da defesa da Zona Económica Exclusiva para a União Europeia, pronunciaram-se Joaquim Piló, Adriano Moreira e Henrique Monteiro
Adriano Moreira foi o mais incisivo na defesa da Zona Económica Exclusiva relativamente à transferência de competências para a União Europeia na gestão dos recursos marinhos. Defendeu que a verificar-se esta centralização de competências fica em causa a soberania portuguesa sobre a nossa ZEE.


Autor: Voz dos Marítimos